quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A ESSÊNCIA DA BÍBLIA (João 3.16.)


“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

INTRODUÇÃO:

No texto de João 21.15-17 Jesus perguntou para Pedro: Simão filho de João, amas-me mais do que estes outros? Pedro lhe disse: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Na verdade Pedro não estava dando a devida importância para a pergunta de Jesus. Jesus percebendo que Pedro não estava muito interessado na Sua pergunta, repete a pergunta três vezes. Na terceira vez, Pedro se entristeceu, porque não entendeu a pergunta de Jesus. Na verdade Pedro não sabia o que é amor; como responder algo que não tinha entendido? É assim conosco também. Temos extrema dificuldade em definir essa palavra; não sabemos amar, porque não sabemos o que é amar. Por essa razão não amamos. Sendo assim, ficamos impossibilitados de entender João 3.16 com maior clareza bem como valorizar o que Cristo fez por nós. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho único”. Para entendermos essa atitude de Deus, é preciso entender o verdadeiro significado da palavra amor. Essa palavra tem um significado muito maior do que a nossa pequena capacidade de entendimento. É por essa razão que não valorizamos a atitude de Deus.

Este versículo é, sem dúvidas, o mais conhecido e o mais lido de toda a Bíblia. Lutero o chamou de Evangelho em miniatura. O que o reformador estava dizendo é que se pudéssemos encontrar uma frase para resumir toda a Bíblia, essa frase seria João 3.16. Esta é a grande notícia do Evangelho: O amor de Deus para conosco é infinito; não tem limite. O nascimento de Jesus é a concretização desse amor. O que antes era apenas uma promessa agora é uma realidade. A promessa se fez carne e habitou entre nós; não há mais dúvidas; Jesus nasceu; Ele é o Deus Emanuel; o Deus conosco.

Max Lucado, escritor americano que morou no Brasil, escreveu um livro de 214 páginas somente tratando de João 3.16.

O TEXTO:

Deus amou o mundo.

O amor é algo inexplicável. Não tem como nós explicarmos essa atitude de Deus. O amor de Deus é uma atitude dele; ele decidiu amar-nos.

Primeiro precisamos entender o porquê Deus teve que enviar o seu próprio Filho à terra. Quem poderia satisfazer o desejo de Deus? Deus é três vezes santo. Somente alguém que fosse igualmente santo, sem nenhuma mancha, sem nenhum pecado.

Quem foi encontrado assim, santo como Deus? Em Romanos 3.12 está escrito: “Todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”.

Abraão, o pai da fé? Não, Abraão também era pecador; Abraão não soube confiar no Senhor na espera por Isaque, o filho da promessa. Por não confiar no Senhor ele coabitou com Agar, sua doméstica para dar uma ajudinha para Deus; talvez Deus tivesse se esquecido da sua promessa de lhe dar um filho; ele já estava velho e Deus ainda não lhe tinha dado o filho da promessa. “Vou tomar as minhas providências”. Abraão não estava capacitado para representar a humanidade; para pagar o preço dos nossos pecados.

Quem sabe, então, Moisés, o homem mais manso da terra! Aquele que falou face a face com Deus; aquele que conduziu o povo hebreu na grande saída do Egito, atravessando o mar vermelho. Será que Moisés estava em condições de representar o homem, morrendo por ele? É evidente que não. Moisés, sequer adquiriu o direito de entrar na terra prometida; ele teve que entregar esse privilégio para Josué.

Então, quem sabe Davi, o homem segundo o coração de Deus; será que esse homem com tanta intimidade com Deus estava preparado para representar a humanidade, morrendo na cruz por todos nós? Também não, ele foi um homem de guerra; ele traiu a confiança de um dos seus amigos, o Urias, colocando-o à frente de uma batalha para que ele morresse a fim de ficar com a sua mulher. Que triste atitude de Davi!

Quem sabe João o Apóstolo do amor; o apóstolo amado, o amigo mais chegado de Jesus? Também não estava qualificado para subir à cruz representando a humanidade.

Talvez Paulo, o gigante Apóstolo, que enfrentou tantas barreiras na pregação do Evangelho. Mas, Paulo também dizia que o bem que ele queria fazer não conseguia; mas, o mal que não gostaria de fazer estava sempre diante dele. Paulo tinha as mesmas dificuldades que nós temos.

Esses homens aqui citados fazem parte da Galeria dos heróis da fé; são tidos como gigantes da caminhada Bíblica; aqueles que mais se destacaram pela sua liderança e também por serem homens diferenciados naquilo que fizeram em prol do Reino de Deus. Pois é, nem mesmo tais homens foram encontrados dignos de representar a humanidade; aliás, eles também necessitaram da intervenção de Deus para a salvação de suas almas. O que falar de mim e de vocês, míseros mortais?

Como vimos, não foi encontrado ninguém que pudesse satisfazer as exigências do Pai, porque todos nós, sem exceção, somos todos pecadores e carecemos da graça de Cristo. Para satisfazer o desejo do Pai, precisava ser alguém completamente santo, imaculado, assim como é o Pai. Não havendo ninguém assim na terra, teve que vir do céu; Jesus.

Quem somos nós?

Em Isaias 64.6 afirma: “Mas todos nós somos como imundos, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia”. Essa é a situação de todo o ser humano antes de ser objeto da graça de Deus. Mas, é exatamente isso; Ele nos amou quando ainda éramos trapo de imundícia. Como entender isso? Como entender um amor que leva a entregar a própria vida por pessoas que são consideradas imundas?

De tal maneira:

Qual a intensidade desse amor? O próprio texto nos dá a resposta, ao dizer: “de tal maneira que deu o seu Filho unigênito”. A vida é a maior de todas as medidas. Quando alguém paga com a própria vida, ele está declarando que o seu amor não está apenas no campo das palavras; mas, transporta-se para o campo da ação onde a pessoa está disposta a entregar a sua própria vida em prol da outra. A essa atitude podemos afirmar tratar-se de amor sem medida, amor infinito.

Foi isso que Cristo fez. Ele deu a sua própria vida para resgatar a vida de pessoas imundas como nós. Não existe em nossos dicionários nada que possa traduzir essa atitude de Jesus em relação ao ser humano. Deus amou de tal maneira, que deu. O nascimento de Jesus é o cumprimento das promessas de Deus. Em Gênesis 3.15 está escrito: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirá o calcanhar”. O nascimento de Jesus é o cumprimento desta promessa, além de muitas outras promessas. Ele veio e foi até o império das trevas, para nos transportar para o Reino da Sua luz.

O nascimento de Jesus lembra-me de que as promessas feitas há muito tempo atrás não foram esquecidas; o Senhor jamais se esquece das suas promessas; ele as cumpre todas.

Não há em nós absolutamente nada que possa merecer o amor de Deus; mas, ainda assim, o Senhor amou-nos tanto que deu.

Deus é amor. Vejam: Deus não apenas tem amor; não apenas oferece amor. Deus é o próprio amor. Ele é a fonte do amor. Qual o ser mortal que ousaria explicar isso? Somente o próprio amor é capaz de olhar para a situação do homem caído, sem Deus, sem nenhuma condição de sair de tal situação, pode olhar para esse homem e tomar uma atitude: Vou amá-lo.

O nascimento de Jesus é a concretização desse amor; porque o amor não pode ficar no campo das palavras; mas, ele sempre vai para o campo das ações. Deixar a sua glória, fazer-se homem, é uma atitude do próprio Deus que foi induzido pelo seu infinito amor.



Que deu:

O verbo “dar” em nossos dicionários ocupa mais de uma página para definir os vários conceitos de tal palavra. Eu quero ficar com apenas estas: Ceder gratuitamente; fazer doação. A palavra “graça” também tem muitas definições; mas, eu quero ficar com a mais conhecida por nós: Favor ou presente imerecido.

Por isso a Bíblia afirma que a salvação é pela graça; ou seja, é gratuita. Costumamos definir graça como sendo presente imerecido. Algo que eu não mereço, mas recebi. O homem não valoriza nada do que recebe de graça, exatamente em função desse sentimento egoísta que temos onde por de trás de algum presente há sempre algum interesse. Estamos sempre aplicando o adágio popular: “Onde a esmola é muito grande o santo desconfia”! O que Deus está querendo em troca dessa salvação que ele está me dando? Ele não acredita que não precisa dar nada em troca; que esse dar está embasado tão somente no amor de Deus para com o ser humano. O amor é assim, ele não exige absolutamente nada em troca; ele apenas ama, e pronto. É isso que eu e vocês não entendemos porque trazemos o amor de Deus para o campo da humanidade; e, isso é impossível. Há uma enorme distância entre a santidade de Deus e a nossa humanidade pecaminosa. Como somos orgulhosos, não aceitamos o presente de Deus, ficamos tentando justificar o presente de Deus com “as nossas atitudes de bondade”, como se nós conseguíssemos ser pessoas boas! E, assim, diminuímos o amor de Deus e passamos a pensar que a salvação se dá em função do nosso mérito. Triste ilusão! Quem sou eu, um mísero ser mortal para ousar a pensar que sou realmente uma pessoa boa? Cometo pecados das mais diversas formas: Por omissão, por ação, por ignorância, por pensamento e tantas outras formas. Como poderia eu merecer alguma coisa, a não ser a morte, como afirma Paulo em Romanos 6.23?

O seu Filho unigênito:

Esta é mais uma prova do grande amor de Deus. Tendo apenas um Filho, entregou-o em resgate de pessoas pecadoras como nós. Isso quer dizer que o Pai trocou o seu único filho puro e santo, por pessoas imundas, pecadoras, conforme já vimos no texto de Isaias 64.6. Somente um amor que é infinito poderia mover a ação de Deus para tomar tal decisão. E veja que essa atitude do Pai não foi uma atitude impensada, repentina, que poderia trazer-lhe arrependimento posterior. Não, essa é uma promessa feita na eternidade; antes mesmo da nossa existência. Foi uma decisão consciente de quem conhece o passado, o presente e o futuro; ou seja, de quem é onisciente.

Para que todo o que nele crê:

Vejam que agora chegou a parte em que há uma pequena participação do homem; ele precisa crer. O versículo termina afirmando: “...para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna”. A minha participação nesse maravilhoso plano de Deus é tão somente crer. (em outra ocasião falaremos mais a esse respeito).

Para nos ajudar a entender um pouco mais essa questão do crer, vou recorrer às palavras do amado Apóstolo João em sua primeira carta 5.10, que afirma: “Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho”.

Como está bem claro neste pequeno texto de João, o segredo está exatamente em crer ou não crer no Filho de Deus, Jesus, como único Senhor e Salvador da nossa vida.

Não está embasado nos nossos ilusórios atos de justiça, que nós nunca vamos conseguir praticar; mas, em crer no Filho de Deus. Vou ser bem direto e objetivo: Se cremos temos a vida eterna; se não cremos, infelizmente não há esperança para nós. Não há nenhum ato de justiça que possamos praticar para tornar-nos merecedores desse amor.

Não pereça:

A palavra perecer significa deixar de existir, morrer.

Neste versículo essa palavra tem o significado de separação de Deus; viver eternamente separado de Deus; morto para Deus; Sendo mais claro, ao invés da pessoa ir para o céu e desfrutar da presença constante de Jesus, irá para o inferno e estará eternamente separado de Jesus.

Mas, tenha a vida eterna:

Quando a Bíblia fala em vida eterna, está falando em uma moradia na presença de Jesus e seus anjos, eternamente; num estado de gozo eterno. Ali não haverá mais preocupações, aflições, crimes, medos, egoísmo, traição, injustiça, injustiça social. Não teremos mais que correr em busca do pão de cada dia, porque o próprio Filho de Deus afirma: “Eu sou o Pão da vida”; estaremos para sempre na sua presença. Você pode imaginar viver em um lugar assim? Creia, ele existe e está reservado tão somente para os que crêem. Não está reservado para o que se acha bonzinho, mas para o que crê.

CONCLUSÃO:

Em meus cinqüenta e quatro anos de leitor da Bíblia, não tinha olhado para este texto com a ótica natalina; esta é a primeira vez que assim faço. Vejo neste texto a mais forte motivação para Jesus vir ao mundo, se tornar um homem como nós, sentir as nossas dores, as nossas decepções; e, poder entender realmente o sofrimento humano. Nenhum homem teve a vida como a vida de Jesus; nenhum homem sofreu como Jesus; nenhum homem foi tão humilhado como ele foi. E, lembrando: Sem merecer. Ele foi, de todas as formas injustiçado, incompreendido, zombado, criticado; mas, foi até o fim. Só se entregou à morte quando a sua missão foi completamente concluída.

Depois dessas considerações, você poderia olhar para o natal de uma forma diferente, sem pensar no lado comercial que foi criado por nós e jamais por Deus? Você consegue olhar para o natal e enxergar com clareza o grande amor de Deus para com o ser humano? Você pode valorizar isso? Você pode entender isso? Se isso faz sentido para você, então você crê. Aleluia, amém.

Pr. Aroldo

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